A pedra e o vento
Para Raphael C. e Luma D.
A menina fechou os olhos e sussurrou "agora".
Ela é criança de perguntas e risos fáceis.
"Onde acaba o tempo e começa o espaço?"
Agora!
Tem uma profunda paixão pelo efêmero, pelas coisas mundanas.
Respira o instante que vive. Sente o presente em cada rajada de ar.
Quer agarrá-lo. Não pode. O tempo é sempre novo.
Fechar os olhos. Olhar para dentro. Agora, agora, agora.
O olhar curioso, as mãos inquietas.
O menino carrega no jeito as marcas da inspiração.
Uma mais que o faça compreender os limites do corpo quando quer ser além de.
Aqui, não lá. Lá, não mais aqui.
Vontade de proximidade. Pernas curtas para tantas distâncias.
Correr, correr até...
Aqui e agora. Como que para capturar o momento em sua certeza mais plena.
Aqui e agora. Duas crianças e um abraço.
Em todo lugar e para sempre.
Eles são onde a infinidade do tempo toca a infinidade do espaço.
E de repente tudo faz sentido.