Thursday, October 08, 2009

Eu, tu, eles

(Ou: O rascunho de uma madrugada insone)


Amei quatro vezes, fortemente. Três vezes me permiti. Uma me devassou sem querer. Duas me tiraram o fôlego e o chão. Uma me deu o melhor abraço e o melhor orgasmo. Outra, a maior decepção. Uma fez com que me apaixonasse até pela sola dos meus sapatos, caixinhas de fósforo, a música do piano, qualquer nota que a imaginação pudesse sustentar, o sol nascendo no mar. Outra me elevou num café da manhã em plutão para tomar vinho - entre a manhã e a reluta, a tarde e a conquista. A primeira veio envolta em mistério e aquarela. A última pousou meus pés no chão quando se mostrou assim: real e inevitavelmente amor - A leveza do insustentável.


[E foi aí que percebi que eu, que sempre quis encontrar um novo - novo jeito, novo corpo, novo prazer -, amaria nele também os outros - jeitos antigos, corpos de nostalgia, o prazer under my skin. Todos aqueles que me fizeram por fim amar assim tão despudorada, tão livre de carências e incertezas, tão mais esse amor que [te] tenho agora e tanto e tanto e mais].