Me disseram para conversar com os meus leitores. Devo admitir que isso é bem difícil, já que não costumo comprar trato social... Mas então contarei sobre um dos meus planos de "pesquisa de campo": me infiltrar num hospital psiquiátrico e bater um papo com os internos (para poder escrever sobre isso depois, é claro).
O fato é que a loucura sempre foi um tema que me intrigou. Afinal, o que é ser louco? Apenas fugir dos padrões que a nossa querida sociedade julga corretos e normais? Ou será que loucura é desculpa para jogar alguém num centro de exclusão social?
Digo isso, pois é assim que encaro a maioria esmagadora dos hospitais psiquiátricos. Jogam os ditos loucos lá como faziam com os leprosos no passado, impedindo que tenham contato com o mundo fora dos muros do manicômio. Geralmente só se permite a entrada de médicos e parentes de internos. Fato este, aliás, que me fez cogitar a hipótese de internar a minha irmã...
Outro dia, conversando com uma psicanalista (que, por acaso, escreve umas poesias fantásticas!), ela me disse que os internos só pioram em consequência dos medicamentos químicos constantes. E eu me pergunto: Como é possível acompanhar o suposto progresso de uma pessoa nessa situação?
- Você precisa ser paciente...
- Eu já sou, não é? - retrucou olhando para uma das paredes brancas do sanatório.
----- x -----
Sendo assim, faço minhas as palavras de Caio Fernando Abreu... "Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável."