O equilibrista

Do alto de seus tamancos, pernas de pau ensebadas, caminha na corda bamba.
O vento o balança e acaricia seu rosto encharcado, limpa o suor e as lágrimas que se (com)fundem num mar salgado.
De olhos fechados, abre os braços, depois as pernas. E cai. Para dentro de si...

Encantamento

(Mi hermana muy hermosa)

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No palco iluminado
A música ecoa
A bailarina voa
E o público encantado
Joga-lhe flores
De todas as cores.
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Com mil piruetas
Ela agradece
Qual borboleta
Desaparece
A ribalta escurece.

Prece

(Os retirantes - Portinari)

No Sertão não choveu

A água já se acabou

O gado todo morreu

O chão, de tão seco, rachou.

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No caminho poeirento

A leva de retirantes

Amarga seu sofrimento

Igual a judeu errante.

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Meu Deus, quanta tristeza

É só miséria e pobreza

De cortar o coração.

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Piedade, Senhor, piedade

Vos peço por caridade

Fazei chover no Sertão.