Era pra ser uma declaração
Ou: o texto com o qual não ganhei uma viagem a Paris numa promo de dia dos namorados
Você é esse que surge na minha frente no meio da quarta-feira. E só. Não quero saber seu nome, seu endereço, seus pingos nos is. Não preciso do seu CPF, das suas credenciais, do seu histórico. Você amou antes e vai amar depois do tempo-espaço dessa tarde. Você não é nem nunca será meu. Falo sem vergonha, e isso não é ruim - acredite! Não quer dizer que não possamos brincar de posse. Você me joga na cama e finge que me toma à força. Eu me equilibro nos saltos e invento que marco sua vida com batom.
E tanto mais, mas não enganamos ninguém. Não somos especiais, não somos únicos. Dizer o contrário é puro charme. Roubaram nossos anos de educação romântica. E agora? Existe a possibilidade de um futuro sem você. Tenho certeza de que ele seria lindo. Não é o fim do mundo se a gente não estiver junto no fim desse texto ou do próximo mês. Por mais que as músicas teimem em dizer o contrário.
Se as geleiras derretem, se as usinas nucleares explodem, se tsunamis ou terremotos destroem cidades e milhares de vidas... O que esperar de um elo tão frágil quanto duas pessoas com mais problemas que soluções? Não me prometa nada. Não me ame pra sempre. O que eu mais gosto é a sua dimensão livre. O fato de ser tão avesso à minha ideia de perfeição. Tão diferente de mim. Você pode ir ou ficar. Mas fica.
Você não é minha metade da laranja, não é a outra fôrma do meu molde, não é perfeito pra mim. Não sei por que, então, surgiu esse "nós". Calhou de ser você. Poderia ser qualquer outro, mas eu lhe achei no meio da vida. E você me deu vontade de dançar.
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