Tuesday, June 12, 2012

Quando ela descobriu a música

Boite lotada. Corpos se movendo num compasso que ela não sabia sentir com os ouvidos. Se aproximou das caixas de som como se fossem a cartola de um mágico. Quis desvendar o segredo, descobrir o truque por trás do ritmo. De repente, sentiu. Foi como uma rajada de ar quente no rosto. Então era isso! Pontinhos minúsculos de energia lhe acertavam na face, quase um choque. Pôs a mão na caixa preta. O som penetrou-lhe na carne. A mão vibrava sozinha. Foi o primeiro passo de dança que aprendeu na vida. Deixou-se invadir. Era preciso confundir sensação e efeito. Um som além do som. O que é a música senão aquilo que vibra em nós? Seu quinto sentido era a capacidade de encantar-se.

Ninguém sabia, mas ela mergulhava no mundo de um jeito próprio. Que pena dessas pessoas condenadas a ouvir só com o ouvido. Tão bobos, tao auto-centrados. Tão perdidos em suas próprias percepções. Como se soubessem mais sobre a delícia de existir. E ela alí, atrevida - música que transborda pelo corpo inteiro, vira dança. E a dança vira vida. Som para sentir com os poros.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Música é abstração com o tempo.
Dança é abstração com o corpo.

8:36 AM  
Blogger Melina França said...

Abstraiamo-nos! (Soa estranho, não?) Pela música, pela dança, dos conceitos. :)

8:45 AM  

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